sábado, 11 de janeiro de 2014

SOBRE ESOPO E FÁBULAS

Pois,
primeiro explico porque começo quase todas essas pseudo crônicas com "pois", ora pois porque é errado.
Comecemos com "A cigarra e a formiga" uns dizem de Esopo outros de La Fontaine.
Curta e grossa a formiga manda a cigarra dançar no inverno.
Vários finais foram modificados do original, temos um final em que a formiga acolhe a cigarra que a alegrou e divertiu, incentivando-a nos árduos dias de trabalho.
Temos um final meio socialista , que coloca a cigarra em diverso tele-jornais, como uma mártir do sistema socialista, e lhe concede finalmente um pensão vitalícia por perseguição política.
Temos um final prosaico em que a cigarra se torna uma grande artista e diz em tom provocador:
"Você está por fora,
Ultrapassada sofredora.
Hoje eu sou em videocassete
Uma reprodutora!
Chegado o inverno,
Continuarei cantando
– sem ir lá –
No Rio,
São Paulo
Ou Ceará.
Rica!
E você continuará aqui
Comendo bolo de titica.
O que você ganha num ano
Eu ganho num instante
Cantando a Coca,
O sabãozão gigante,
O edifício novo
E o desodorante.
E posso viver com calma
Pois canto só pra multinacionalma".  
"fonte Millôr Fernandes/ 2009"
Até James Joyce deu uma alfinetada na fábula com sua obra "Finnegans Wake" que reconta a história dos gêmeos Shem e Shawn ou seria Caim e Abel.
Eu gostaria de dizer que apesar de todos os finais , tudo se resume a eterna batalha do bem contra o mal, de deuses e demônios, como se demônios não fossem deuses e deuses não tivessem condições de destruírem demônios.
Chegamos ao filme, ao livro "A escolha de Sofia" outra paródia do bem contra o mal, onde obriga-se o bem a escolher o mal de qualquer maneira, como se uma mãe pudesse escolher entre o seu Caim e o seu Abel.
Se a mãe fosse um animal escolheria o mais forte e vigoroso para manter sua espécie, sem opção de oferecer-se em sacrifício, essa mãe humana e sensível sempre optará pelo mais frágil, mais necessitado.
Sendo racional, defronte a morte inexistem mais necessitados e mais fortes é ilógico tentar descrever quem sofrerá menos.
Assim quero encerrar a minha fábula escrevendo sobre governos e povos, perguntando quem seriam as cigarras ou as formigas, os governos ou os povos?
Num país decadente seu povo são as formigas e seus governantes as cigarras, num país decente não haveriam cigarras, seriam todos formigas trabalhando no bem comum, num país de merda todos seriam cigarras, escravizando as poucas formigas fazendo-as de Sofia, sem escolhas lógicas, apenas tendo como luz no fim do túnel escolher quem deve morrer, Caim, Abel ou Sofia.
Bom dia...



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