
Oscar Arias,
Prêmio Nobel da Paz, presidente da Costa Rica, falanado sobre o não reconhecimento das eleições hondurenhas pelo Brasil, que reconheceu as eleições iranianas.
Atentai bem:
Tendler CONFIRMOU que o Apedeuta falou sobre o meninodoMEP (disse que foi “piada”).
Mas o “menino” sabia e disse que não falaria com a imprensa. Citou o “mar de lama”
Ou seja.. a conversa existiu tal e qual Cesinha contou.
Falta apurar o que realmente aconteceu com João Batista dos Santos, o #meninodoMEP, anistiado e indenizado
Particularmente, sou mais um divulgador e não escrevo muito, mas neste caso abro uma exceção, afinal se aproxima o aniversário de 1 ano, tanto do meu empreendimento, quanto deste blog.
Coloco as duas coisas quase juntas porque nasceram assim e se completam, afinal um explica o outro, no fim das contas.
Vou fazer um relato de toda a história de meus 13 anos como médico para que vocês entendam o que isso tem haver com Liberalismo e Estado.
Me formei na Faculdade Estadual de Medicina de Marília, no interior de SP, em 1996.
Logo em 1997, fui convocado para servir às Forças Armadas (eu não havia feito TG), como tenente médico da Força Aérea Brasileira na Amazônia (VII COMAR), patente que ainda ostento, só que na reserva.
Voltei um ano depois a Marília, onde me especializei em Residência Médica de Ortopedia e Traumatologia. Em 2001, já tinha conseguido o título de especialista na área (SBOT).
Em 2001, me sentia ainda “engajado” em fazer um “SUS melhor”, fazer a diferença, poder ajudar quem mais precisa, a troco do salário inicial, que é sempre mais vistoso no serviço público (grande erro, pois estaciona-se aí no salário que não tem plano de cargos e salários).
Fiz especialidade em Saúde Pública e Saúde da Família e fui trabalhar para o SUS, animado, feliz da vida.
Me sentia altruísta, de extremo engajamento social, inserido de maneira “politicamente correta” no contexto da sociedade brasileira.
O sucesso no trabalho veio rápido, afinal: quantos médicos tem todo este gás para enfiar a cara no trabalho. Reelegemos prefeito só com a implantação inicial do programa Saúde da Família.
Isso foi de 2001, passei por novos cursos, me tornei professor de Saúde da Família na Faculdade onde me formei, enfim : parecia o auge.
A questão desagradável, era a imensa diferença de poder aquisitivo entre eu e meus colegas de turma. Eles me chamavam de otário e que a saída estava no empreendimento pessoal (um consultório médico particular) e não no serviço público. Além disso, com o passar dos anos e com o poder público local perceber que já havia ganho o ônus positivo político do Programa, foi desistindo e investindo menos. Com isso, como gestor, posso dizer que não tarda 1 ano e as coisas começam a fazer água. Primeiro em doses homeopáticas, indolor praticamente.
Depois de maneira mais incisiva e escancarada, mas ainda não se torna prioridade. Após o ganho de mais uma eleição para o “partido da situação”, aí fomos a pique. E eles sabem como te “amoitar”.
“Se não estiver contente, a porta da rua é a serventia da casa.”
Após 7 anos de trabalho exclusivamente público neste município (na carreira são 13 anos de SUS), me exauri de tal forma a denunciar todas as irregularidades ao jornal da cidade, e fui demitido.
Foi um rebuliço, mas foi apurado? Não. Nem mudou nada, para não dizer que ainda piorou.
Aí, no meu campo visual limitado pela exclusiva atuação no Estado.
Só para constar, o SUS funcionas todo cupinizado, desde sua origem no Ministério da Saúde até a mais municipal instância de sua atuação. Ainda assim, se não houvesse corrupção, um sistema universal desses é impagável, e nada sustentável. Daí dizermos que o Brasil é o país do mundo com mais políticas públicas, ao mesmo tempo em que talvez seja o pior Prestador de Serviços Públicos que exista. Não é cumprido nem 10% do prometido ou previsto em Lei.
Então abri o tal consultório, me desligando de forma total do Estado (SUS). Hoje estamos quase a completar 1 ano de serviço (9 de dezembro) e meu nível de vida subiu de forma tão inesperada, quanto o gosto que tomei em fazer medicina real, e não a submedicina do SUS.
Muitos vão achar radical, mas um crescimento de rendimento com carga horária flexível (a agenda é minha e com nenhum problema estrutural de sistema para incomodar) de mais ou menos 4 vezes em 1 ano...
Não há o que discutir. Até a suposta inserção social é falsa, afinal a porcentagem de bons serviços prestados, com a maior qualidade possível que realizávamos no SUS, é ínfima em relação a real demanda reprimida. Ou seja, é como se nada tivesse sido feito, a não ser remendos e curativos. Esta é a vitória do Liberalismo, onde em apenas 1 ano de serviços à rede privada, aumenta sua “qualidade de vida” em 4 vezes.
A pior parte é a Derrota do Estado. Não que não se imaginasse isso num país onde o povo é instrumento de poder e não uma coletividade. Vivemos a ditadura da maioria e não uma democracia representativa.
A esquerda altruísta e com alta taxa de sensiblidade social mostrou-se na verdade corrupta (muito mais que os “trogloditas de direita), ineficiente, incompetente, utópica (dolosamente), enfim uma grande FARSA.
O Estatismo é em sua totalidade esta ignomínia. O Estado deveria ser mínimo, afinal é um mal republicano necessário. Mas onde exercesse seu papel deveria ser eficiente, proincipalmente na Educação, porém usa-se de forma vil a própria Educação como máquina de fabricar Analfabetos Funcionais.
O que nos resta é pensar.
Um exemplo: Dizem que o dinheiro do IPVA, é recolhido para manter as estradas, o que não ocorreu, levando à necessidade de privatizá-las para que ficassem transitáveis. Mas ainda continuamos a pagar o IPVA mais o pedágio (sobretaxa).
Devemos dar graças ao fato dos setores de telefonia serem privados. Tem muita coisa ruim ainda, com certeza, mas imagine tudo isso sob a égide de um governo megalonanico.
Assim é o futuro do SUS, uma máquina dolosamente corrupta e genocida silenciosa, onde todos os gestores em todas as instâncias (federal, estadual, municipal) são coniventes e responsáveis.
Espero que alguém ainda os cobrem pelas milhares de mortes desnecessárias que ocorrem todos os dias nas filas do SUS.
Ao invés de procurar ossos de terroristas no Araguaia, e torná-los Libertadores e Heróis, porque não evitam ao menos essa chacina diária do SUS?
Pois então meus caros: Esta é a invariável vitória do Liberalismo, sem segredos e sem desonestidade ou corrupção.
A derrota do Estado é óbvia neste país há décadas, só não vê quem tem preguiça de enxergar, ou tem algum interesse nesta distribuição de misérias!
Leiam esta fala:
“Os países democráticos do mundo precisam repudiar de forma veemente o que ocorreu em Honduras, portanto, a posição do Brasil se mantém inalterada. Nós não aceitamos histórias de golpes (…)o Brasil não reconhecerá o resultado eleitoral, e manterá sua posição de não [retomar] relações com Honduras (…) A América Latina e América Central têm experiências de sobra de golpistas que usurpam o poder rompendo os princípios democráticos, e se aceitarmos isso, pode acontecer o mesmo em outro país amanhã”.
Leram? É de Luiz Inácio Lula da Silva. Na madrugada, comentei intervenção idêntica de Ruy Casaes, representante do Brasil na OEA. Como se nota, é política oficial. A exemplo do embaixador, Lula também teme o efeito-exemplo. É por isso que a pequena Honduras se tornou tão importante.
Lula não gosta de golpismo? Não?
- Hugo Chávez deu vários golpes por meio de eleições;
- Evo Morales fraudou a regra de reforma constitucional prevista na Constituição;
- Daniel Ortega usou os juízes sandinistas da Corte Suprema para declarar sem efeito um trecho da Constituição;
- Manuel Zelaya estava usando as eleições para violar a Constituição.
Desses golpes, Lula gosta. Gosta, aplaude e apóia.
Ainda bem que Honduras está se lixando para o que pensa o Brasil. Se os EUA reconhecerem o pleito, é o que importa para aquele país.
PS - Vocês já sabem, mas reitero: o acordo feito entre os grupos de Zelaya e do governo interino não previa a restituição obrigatória. Isso é invenção do Chapeludo e do Brasil.
Texto de Maria Lucia Victor Barbosa*
Lula da Silva é saudado internacionalmente como um homem da “esquerda herbívora”, um moderado, um conciliador. Sempre fazendo piadas, usando metáforas futebolísticas, falando bobagem, bem-humorado é como se o presidente fosse o estereótipo do brasileiro, o “homem cordial” de que falou Sérgio Buarque de Holanda.
Para ser mais amado lá fora só faltava Lula ser carioca e não pernambucano aclimatado em São Paulo , porque estrangeiros são loucos pelo Rio de Janeiro de praias paradisíacas cheias de mulheres quase nuas, de povo feito de sol e mar. Para os visitantes bala perdida é pura adrenalina no país do carnaval e do futebol.
Entretanto, se Lula da Silva é o “cara” da “esquerda herbívora”, inofensiva, festiva é estranho que ele viva em idílios políticos com Hugo Chávez, Fidel Castro, Evo Morales e demais ditadores que representam a fina flor da esquerda primata do Terceiro Mundo.
Parece que os caras lá de fora têm certa dificuldade em entender o Brasil e seu governante, percebendo apenas superfícies folclóricas e deixando de lado visões mais profundas sobre atitudes, comportamentos e ações que se desenrolam no país real em contraste com o país imaginário.
Sintomática a complacência internacional com o presidente da República e sua diplomacia tangida pelo chanceler de fato, Marco Aurélio Garcia, quando aqui é recebida a figura abjeta de Mahmoud Ahmadinejad, o perigoso fanático que persegue, prende, mata seus opositores; não tolera liberdade de pensamento, religiosa ou das minorias; viola direitos humanos; frauda eleições, apóia grupos terroristas, diz que o Holocausto não existiu e prega de forma obsessiva a destruição de Israel.
Essa figura daninha e monstruosa, rejeitada pelas potências ocidentais que temem que Ahmadinejad desenvolva a bomba atômica, foi agraciado com um convite do “filho do Brasil”, que afirmou que o receberia de braços abertos.
No rastro dos salamaleques o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afrontou o presidente israelense, Shimon Peres, quando da visita deste ao Brasil no último dia 11, ao dizer de forma arrogante que o Brasil fala com quem quiser.
Quem sabe o ministro da Defesa acredita no persa, quando esse hipocritamente afirma em sua carta dirigida “à grande nação brasileira” que é “defensor da justiça, da ternura e da paz no mundo.
Por certo Jobim ignora que Ahmadinejad está estendendo cada vez mais sua influência sobre a América Latina, sobretudo, através da Venezuela e da Tríplice Fronteira onde estão bases operacionais do Hezbollah e de outros terroristas.
Muito “terna” a besta-fera do Irã quando nega uma das piores manchas da humanidade, o Holocausto.
Será que nosso “herbívoro”, que é a cara do país como ele mesmo disse certa vez, tem noção do que foi esse genocídio?
Será que também nega as torturas, indignidades, horrores, mortes, tudo que foi infligido de mais pérfido aos homens, mulheres e crianças que cometeram o único “crime” de serem judeus?
Pode ser simplesmente que tudo isso seja indiferente ao cara porque apenas lhe interessa negócios com o Irã, o que faz lembrar o título de um filme passado há muitos anos: “De como aprendi a amar a bomba atômica”.
Afinal, nós também enriquecemos urânio.
Possivelmente a visita de Ahmadinejad, a intromissão do Brasil em Honduras, o antiamericanismo e o antissemitismo do governo petista e seu achego a ditadores, não impedirão que os olhos do mundo Lula da Silva continue como um esquerdista “herbívoro” e cordial. Talvez, apenas a Itália não esteja gostando no momento de ser taxada de fascista pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, mas se resignará a não receber de volta o terrorista Cesare Battisti.
Entretanto, para quem consegue observar certos sinais fica evidente que um processo cuidadosa e lentamente desenvolvido vai transformando a “esquerda herbívora” em “carnívora”.
É que para alcançar ao poder mais alto da República o PT, em sua quarta tentativa, deixou de lado a linguagem virulenta, prometeu o paraíso aos ricos e aos pobres, vestiu seu “Lulinha paz e amor” de Armani e domesticou-lhe um pouco as maneiras.
Uma vez no poder, uniu-se a gregos e troianos, esbanjou populismo, cooptou partidos e instituições, mandou às favas a ética, dominou o Congresso através de mensalões e outros “benefícios” e agora, chegando à reta final do segundo mandato, recrudesceu o ataque à imprensa e coroou seu domínio com a anulação do STF, conforme ficou demonstrado no caso do terrorista italiano.
Com isso, definitivamente, o PT se tornou um partido acima da lei e, assim, sem nenhum pejo, trouxe de volta ao seu alto comando notórios mensaleiros, devidamente abençoados pela candidata Rousseff. Afinal, corruptos são os outros.
Ao mesmo tempo, o PT retornou à idéia de Estado ampliado, do discurso requentado da esquerda revolucionária, da crítica ao neoliberalismo que tão bem praticou em sua fase “herbívora”.
Não há dúvida de que se a dama de aço ganhar começará a fase “carnívora”.
E Lula corre o risco de ouvir de sua escolhida: “Cale-se, você já ficou tempo demais, as rédeas estão conosco, agora é para valer”.
* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga
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Lula é criticado por legitimar Ahmadinejad
VISITA POLÊMICA
Publicada em 23/11/2009 às 23h44m
Gilberto Scofield JrWASHINGTON - A decisão do Brasil de apoiar as pretensões nucleares do Irã - aliada às críticas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito aos Estados Unidos, à maneira como o país vem lidando com a questão hondurenha e até à postura pouco crítica a abusos do governo de Hugo Chávez nos terrenos da liberdade de imprensa e direitos humanos - pode prejudicar a relação entre o Brasil e os EUA e atrapalhar as pretensões da política externa brasileira de consolidar o país como grande líder global e regional.
( Imprensa internacional destaca riscos diplomáticos sobre visita de Ahmadinejad a Lula )
A opinião é de analistas das relações entre os EUA e o Brasil, que vem sendo acusado de perder o equilíbrio e a sensatez na sua ânsia de "agradar a todos os países". Segundo a mídia internacional, a visita pode atrapalhar a influência internacional de Lula ao mesmo tempo em que oferece a Ahmadinejad a chance de legitimar seu governo, tão criticado internacionalmente por causa de seu controverso programa nuclear e ligação com grupos terroristas.
( Imagens de Ahmadinejad em Brasília e dos protestos )
A visita também provocou protestos no Peru, onde mais de cem pessoas da comunidade judaica local se concentraram em frente à embaixada brasileira e entregaram à representação uma carta expressando "mal-estar" e "preocupação" com o encontro.
( Deputado faz protesto contra visita de Ahmadinejad ao Brasil )
O deputado democrata americano Eliot L. Engel, que preside o subcomitê de América Latina da Câmara de Representantes, disse que o convite do Brasil ao presidente iraniano foi um "grave erro".
A professora de ciências políticas internacionais da Universidade George Washington, Cynthia McClintock, afirma que, com a declaração de Lula ontem, o Brasil ajuda a legitimar as demandas de Ahmadinejad, colocando o país numa situação "não exatamente positiva", já que Lula não pressionou o presidente iraniano em nada: do monitoramento internacional de seu projeto nuclear, a sua polêmica reeleição ou as violações de direitos humanos no país.
- É uma vitória iraniana importante ter Lula como aliado em sua política de enfrentamento dos EUA e da União Europeia - diz ela.
Para Eric Farnsworth, ex-funcionário do governo Bill Clinton e vice-presidente do Conselho das Américas, em Washington, a visita de Ahmadinejad, assim como a defesa de Lula a Chávez, podem ter servido como um balde de água fria nos planos do presidente Barack Obama de usar o presidente brasileiro como uma espécie de procurador na América Latina:
- Afinal, quem quer um país tão próximo do Irã, um pária internacional, sentado no Conselho de Segurança da ONU?
HAJA AUTOESTIMA Geisy com o vestido da discórdia depois de fazer alongamento no cabelo |
Ela se sente poderosa, no sentido sexual da expressão, mas ainda não conhecia o poder de incendiar a massa. A estudante Geisy Vila Nova Arruda, de 20 anos, causou tumulto e foi humilhada duas vezes. Na primeira, no dia 22 de outubro, foi cercada, ameaçada, difamada e assediada por centenas de alunos da Universidade Bandeirante (Uniban), onde ela cursa o 1º ano de turismo. Tudo por causa do vestido rosa curtíssimo que usava e de sua atitude provocante. Geisy teve de deixar o prédio da faculdade, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, escoltada pela polícia. Na segunda humilhação pública, duas semanas depois, a cúpula da Uniban comunicou a expulsão da estudante. A justificativa: "Flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade". Seis alunos que participaram da balbúrdia foram apenas suspensos. A decisão foi tomada pessoalmente pelo reitor e dono da Uniban, Heitor Pinto Filho. Em vez de, como se esperava, condenar a intolerância dos alunos, ele endossou seu comportamento violento. A repercussão foi péssima. O Ministério da Educação pediu explicações à Uniban, o diploma da universidade começou a ser rechaçado em entrevistas de emprego, a delegacia da mulher da cidade abriu investigação e houve até um protesto de universitários nus em Brasília. No dia seguinte, diante do horizonte péssimo para seus negócios, o senhor Heitor capitulou e resolveu cancelar a expulsão de Geisy.
Na opinião de muitos pais e alunos, Geisy continua sendo culpada, e não vítima do que aconteceu. Na semana passada, por exemplo, Iolanda Tiglia, mãe de uma estudante, improvisou um palanque no pátio da faculdade e discursou: "A Uniban não pode pagar pelo erro de uma única pessoa. Não foi o reitor quem ficou por aí andando de vestidinho". A Uniban é uma faculdade particular para a classe C, com mensalidades que não passam muito dos 400 reais. A educação não é das melhores. Dos 35 cursos da Uniban avaliados pelo governo federal, dezesseis foram considerados insatisfatórios, treze apenas atingiram o patamar mínimo e seis não receberam nota por problemas de metodologia. Os alunos da instituição são, em geral, a primeira geração de sua família a fazer um curso universitário. Geisy tem o mesmo perfil. "O episódio ressaltou um valor essencial para essa faixa da população: o conservadorismo sexual", diz o cientista político Alberto Carlos Almeida, autor do livro A Cabeça do Brasileiro. Mas isso não justifica a agressão a Geisy, é claro.
LÁ PODE Alunos da Universidade de Brasília (UnB) tiraram a roupa em apoio a Geisy |
Para além do aspecto de classe, a atitude dos manifestantes da Uniban encontra explicação no mecanismo que aglutina e transforma indivíduos independentes em uma massa sem controle. "O próprio indivíduo tem a sensação de que, na massa, ele ultrapassa as fronteiras de sua pessoa", escreveu o pensador búlgaro Elias Canetti (1905-1994), em Massa e Poder, um clássico sobre a psicologia do fascismo. Na multidão, o indivíduo não tem rosto e ganha coragem para projetar suas frustrações e ressentimentos. No episódio envolvendo Geisy, esse dado ganhou expressão no coro que a chamou de "prostituta" e gritou aos policiais que a escoltavam: "Libera para nós".
Qual teria sido a fagulha que incendiou a massa da Uniban? O fato de alguns rapazes terem começado a chamá-la de "gostosa" logo na sua chegada à faculdade? O fato de as amigas de Geisy terem colado no vidro da porta da sala de aula, de brincadeira, o cartaz: "Fotos da Loirão: 10 reais"? Ou estaria a estudante de turismo, que adotou o dourado artificial nos cabelos aos 13 anos de idade, mais ousada do que de costume naquela noite? O dia do tumulto não foi sequer o primeiro em que Geisy usou o microvestido rosa, 12 centímetros acima do joelho e pelo qual pagou 50 reais, com dinheiro emprestado da irmã. Na verdade, praticamente todo o guarda-roupa de Geisy poderia ser classificado de "incompatível com o ambiente da universidade", para citar a expressão usada no comunicado da expulsão que não houve. Ao mostrar o mais curto de seus vestidos à reportagem de VEJA, a estudante ouviu de sua sobrinha de 9 anos: "Esse serve até em mim".
Suas roupas, no entanto, não destoam do figurino de outras moças da Uniban de São Bernardo, onde são comuns os decotes profundos e o pouco pano das saias. Pode ser mesmo que Geisy tenha ido um pouco além do limite que separa a sensualidade da vulgaridade e, desse modo, tenha despertado a selvageria injustificável da turba. Ela não faz nenhuma questão de desestimular as cantadas que recebe, inclusive na rua. "Sou linda e gostosa, sim. Se eu fosse feia, talvez nada disso tivesse acontecido", diz Geisy, 1,71 metro, peso não declarado, pelos das pernas descoloridos e novíssimos apliques no cabelo. Como não poderia deixar de ser nestas latitudes, a moça procura tirar alguma vantagem da condição de celebridade instantânea: já analisa a possibilidade de posar nua e de fazer um comercial para uma marca de lingerie. A massa que aguarde.