O governo brasileiro já sente a necessidade de imprimir nas suas ações a vertente da realidade e tentar com isso conter a onda de desconfiança que começa a ter corpo no pensamento da população. A forte propaganda não vai encobrir o sucateamento da infraestrutura brasileira que está a olhos vistos com os últimos acontecimentos na maioria das áreas, seja da saúde, estradas, educação, portuária e outras de sua obrigação em manter e desenvolver.
A busca de um confronto com a administração FHC dá mostras sérias de sinais de “tiro pela culatra”. O único grande trunfo de peso está nos programas sociais de apoio a população de baixa renda tendo como carro chefe o Programa Bolsa Família que na verdade tem como seu “pai” o oponente FHC. É verdade que o presidente elevou a participação de numerosas famílias ao acesso ao consumo e melhoria de suas condições de vida via esse suporte de donativos. Isto se deu dentro de um cronograma estabelecido desde a criação dos programas sociais bolsa escola, vale gás, bolsa alimentação e outros e que no atual governo foram agrupados e recebeu o nome de “Bolsa Família”’. Este, obrigatoriamente, assim como os do FHC melhorado pelo atual governo, terá que ser mantido e aperfeiçoado pelos demais governos subsequentes, seja lá de que partido ou ideologia for. Esta “criatura” de bondades gerada por FHC só tende a se agigantar em um país pobre e de má formação cultural.
Pelo lado das realizações, pouco ou quase nada está terminado em se tratando de obras. O PAC 1 está a desejar com meros 31% de suas obras concluídas. Não por falta de dinheiro, espero e pelo menos é o que diz a mídia nacional. A única certeza que se tem é que dentre as causas do atraso é sem sombra de dúvida a incompetência de gestão dos administradores federais, resultado do loteamento de cargos aos aliados governamentais tais como Sarney e os “currupacos” da vida. Essa ausência de competência no governo, está obrigando o presidente a gerar um novo PAC como forma de criar novo fato político eleitoral. Cria a esperança de que o futuro gere situações de satisfação presente nos aliados e na população. fazendo-a crer que o Programa de Aceleração do Crescimento em andamento seja obra já consolidada e que o PAC 2, um novo despertar para a Nação brasileira. Para complicar ainda mais a situação, o presidente está promovendo a desobediência das normas éticas e legais com relação as obras de polos petroquímicos paralisados pela descoberta de irregularidades. Em busca de dinheiro e apoio de governadores para a campanha da sua criatura, está patrolando tudo.
Com o programa de defesa das Forças Armadas, projeto do governo FHC não operacionalizado por falta de dinheiro, procura dar impacto de guardião do povo e das riquezas do Brasil. É um programa audacioso para os cofres do País, mas necessário, não restam dúvidas. O problema é não comprar “gato por lebre” e o gato nesse caso fala o idioma francês. Para os militares a lebre é sueca. É muito sintomático que o presidente vem adiando a decisão para uma oportunidade em que qualquer problema neste caso da compra dos aviões só aconteçam após outubro, mês das eleições.
Um outro acontecimento que tem incomodado o presidente é com relação a energia. Problemas com geração e transmissão e ainda com a boca do Lobão. Apesar de ter discursado em Copenhague durante o Fórum das mudanças climáticas o presidente é defensor de uma das fontes energéticas mais poluentes do planeta, os combustíveis fósseis, derivados do petróleo. Sumiu de sua agenda a defesa do etanol brasileiro, um programa de salvação nacional e da dependência desses poluentes combustíveis. O pré-sal, às custas da saúde do povo, vai gerar dinheiro para tirar o Brasil do grupo de semi desenvolvidos ou emergentes como gostam os governantes e economistas.
Nesta questão temos dois aliados benéficos. Um é que o mundo está em busca de energia alternativa e esse processo é irreversível, fato que coloca em cheque em futuro próximo a viabilidade econômica do petróleo como fator de renda e ganhos para tantos investimentos sonhados pelo presidente. O outro é que os custos da prospecção do petróleo no pré sal são altos demais e o retorno, ante a projeção de viabilidade financeira, passa a ser pouco interessante e de muito risco.
Pelo lado da construção de uma chapa para concorrer a sua sucessão, e que possa se identificar com o presidente, está se mostrando difícil e de pouca esperança nos resultados esperados. É notória a incompatibilidade de Dilma Rousseff com a política ainda mais somada a simpatia e ao vigor emocional e expressivo de Michel Temer. Será uma chapa “arroz sem sal”. Não há nenhuma história ou atuação política na vida pessoal da candidata que possa impulsioná-la ao sucesso de uma eleição presidencial. Colocar sua vida de guerrilheira como fato nobre é desmerecer o conhecimento até porque não havia em sua proposta ideológica a liberdade, mas sim, um regime de força via orientação soviética e cubana, bem mais rígido que o regime militar existente. Acredito que nem oferecendo o paraíso, como já ofereceram ao povo em Araraquara/SP, vá dar certo. É o desespero do presidente.
Raphael Curvo*
Jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ
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