sábado, 21 de abril de 2018

A idade e a história

Pois,
Tenho 67 anos, ainda lembro do revolver 22, vejam calibre 22 que a legalidade de 1961 deu para meu falecido pai, para defender o mandato de Jango. Em 1964 com 13 anos assisti ao golpe parlamentar que destituiu Jango por abandono da presidência enquanto ele se encontrava em Porto Alegre, tinha viajado no DC-3 da Força Aérea Brasileira. Depois lembro dos comentários que havia fugido para o Uruguai num monomotor alugado. Daí, estudando, trabalhando, ajudando em casa, passou-me desapercebido, o que alguns vagabundos calhordas chama de anos de chumbo, AI-5, Lamarcas, Mariguelas, Sem nunca ter sido abordado por Doi-Codis, Dops e outra siglas, brasileiro adora siglas.
Fui Morar no Rio de janeiro em 1973, sem nunca ter encontrado tais blitz, sem nunca ter visto prisões, tiros e povo revoltado nas ruas. Morei no Rio até 1999.
Alguns tripulantes levavam jornais e revistas além de erva mate para Leonel Brizola, que hospedava-se no Hotel Roosevelt, na Lexington com 46, a uma quadra da Central Station, em Manhattan, Nova Iorque.
Ficou gravado na minha vivência histórica a destruição que esse político fez à cidade do Rio de Janeiro. Pouco importa seus CIEPs e seu sambódromo, fizera alianças com traficantes e chefões do jogo de Bicho, haviam lojas luxuosas com ar condicionado em Copacabana, para que se fizesse jogo, uma das quais ficava na esquina da rua Santa Clara com Domingos Ferreira.
Nunca em todo regime militar um ministro havia tentado obrigar um comandante da Varig pousar em Brasília, num voo direto de Nova Iorque para o Rio. Pois, lá pelos idos de 1985 a 1989, um ministro tentou fazer o comandante pousar em Brasília. Não lembro como terminou o episódio, mas sei que tentaram demitir o comandante que se negou a fazê-lo. Queria lembrar o nome do comandante, mas minha memória está na fase do crachá.
Depois desse lero-lero, apenas quero explicar, que esse pessoal que nasceu depois de 1958, não sabe e nunca viveu a história da ditadura, apenas a conhece pelos alfarrábios ou por contadores de vantagem.
O Brasil está cheio de contadores de vantagem sobre torturas e perseguições na ditadura.
Nossos comissários de voo estão aí para confirmar que nenhum membro do alto escalão dos governos militares, se alterava pomposamente à bordo das aeronaves da Varig.
Nos meus 33 anos de Varig, Marias Bethânias e Tim Maias se exaltavam muito mais à bordo, e do prazer que dava transportar o saudoso Ayrton Senna.
Esse negócio de perseguição política rendeu pensões e indenizações milionárias a diversos sindicalistas depois de 1988, quando já não havia regime militar no Brasil, quando já vigorava a lei da anistia de 1979 e a nova constituição de 1988.
Nessa longa análise minha, acho muito difícil que se torturassem jovens de 19 ou 20 anos, com suas bundas cagadas e mal limpas tivessem coragem de enfrentar o regime. Para mim são todos umas cambadas de mentirosos e contadores de vantagens. Complemento que não se pode provar nada ao contrário e vice-versa, a maioria dos torturadores morreram ou estão a beira do precipício da vida.
Nos anos 80 um comandante da Varig ganhava 3 vezes mais que um senador da república, depois da falaciosa constituição democrática de 1988, aos dias de hoje, um comandante de empresa aérea brasileira teria de ganhar cerca de 500 mil reais por mês para manter a proporção daquela década.
Essa foi a herança que o governo civil nos deixou, a pobreza das profissões de caráter, pela riqueza dos capitães de areia de Brasília, que mesmo com salários alem das imaginações mais extraordinárias, roubam o erário e as companhias estatais, para locupletar os pelegos que os mantem nas instituições.
Se pudesse retornar ao passado queria voltar no tempo para a década de 70 e caminhar de novo, para ver se teríamos mais sorte nos anos que se seguiriam.
bom dia...

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