(Folha de São Paulo) BRASÍLIA - A crise hondurenha, de desfecho imprevisível, coroa toda uma era de diplomacia regional equivocada do Brasil. A unanimidade em torno da legitimidade de Zelaya parece não incluir a maioria da sociedade de Honduras. Os "golpistas", como são chamados os que estão no poder em tese até a realização de novas eleições, têm respaldo da Justiça e do Legislativo que seguem abertos.
Até aqui, aqueles que querem a volta do presidente deposto não foram jogados ao "paredón". Todos esses são sinais de que o mundo comprou como uma quartelada bananeira um processo muito mais complexo e, no limite, amparado na Constituição. Mas não é isso que se quer discutir aqui. O problema é Hugo Chávez. Ele preside sobre um modelo renovado de caudilhismo que contaminou meia América Latina. Só que seu "bolivarianismo" só pegou em casa devido à bonança petrolífera.
Fora, vingou em Estados falidos como Bolívia e Equador, sempre usando a carta fácil do "povo no poder" contra elites corruptas. Não é preciso ter lido Orwell para perceber como se portam os "bolivarianos" no poder. A cooptação de Zelaya por Chávez e a consequente campanha pela destruição da Constituição foram rejeitados por uma parte expressiva de Honduras. Por isso o impasse atual.
Ao longo dos anos, o Brasil fez vista grossa ao chavismo. Sob Lula, o apoiou ideologicamente, engolindo desaforos dele e de seus satélites sob a desculpa de que não pode ser imperial. Com isso, viu seus interesses serem atingidos e sua influência regional, questionada. Como o limite do não-intervencionismo de Obama parece ter sido atingido, os EUA começam a desembarcar da manada pró-Zelaya. Se isso ocorrer, o Itamaraty perderá o argumento do consenso. Poderia aproveitar e fazer leituras dos tons de cinza da situação. Mas, enfim, não é o que se espera.
Tudo que estamos dizendo há semanas.
Vindo da Folha de SP , é um avanço monumental ao pseudo-intelectualismo que lemos no cotidiano. Repúdio a Eliane Castanhêde, Kennedy Alencar, Clóvis Rossi, que nada mais são do que fantoches do Celso Amorim e Franklin Martins.
Parabéns ao dono do texto, IGOR GIELOW
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