A festa Gambiarra, que acontece aos domingos no hotel Cambridge, localizado na avenida Nove de Julho, centro de São Paulo, acabou em confusão e cheiro de cigarro na madrugada desta segunda-feira (10).
Seguranças e promoters da festa avisaram na entrada que haveria um espaço cercado para fumantes do lado de fora do hotel. Seria possível chegar ao cercado por uma porta de saída na pista 3. Deste modo, a lei antifumo foi respeitada no local até por volta das 2h, quando o segurança que cuidava desta saída informou à fila de fumantes que se formava no local que não seria mais possível sair.
A porta do fumódromo improvisado foi fechada após a chegada de fiscais da subprefeitura da Sé. Irritados, os fumantes acenderam seus cigarros dentro do local mesmo. A um anúncio no microfone de que a balada seria fechada, o lado da pista 3 onde se concentravam os fumantes puxou coro para gritos de "ei, Serra, vai tomar no...".
Em uma das saídas que dava para a rua Álvaro de Carvalho, um fiscal da subprefeitura disse que a ação não tinha nada a ver com a lei antifumo, mas não autorizou a reportagem do UOL Notícias a publicar informações sobre qual era o motivo da fiscalização.
Segundo o responsável pelo espaço, Francisco Mafra Filho, os fiscais alegaram haver problemas com o alvará de funcionamento e o número de pessoas que estavam na festa.
O caso uniu fumantes e não fumantes em torno do tema. Um dos frequentadores, com o cigarro aceso na mão, dizia que "com essa palhaçada de não poder sair para fumar, essa lei não vai dar certo". Já para o arquiteto Fabrício Ceventin, não-fumante, "a proibição [de fumar em locais fechados] é válida, mas tem que ter uma solução para os fumantes".
O garçom Júlio César Campelo, 23, contou que acendeu o cigarro do lado de dentro porque "todo mundo acendeu". "Não tem como banir, o povo é do contra. Tinha que confiscar o cigarro na porta, senão é óbvio que ia acontecer uma revolta".
Sábado na Augusta
Sábado à noite em um boteco da rua Augusta, no primeiro fim de semana com a lei antifumo em vigor, significou se adequar às novas regras. Com o copo na mão ou não, era fácil deixar o interior do bar e acender um cigarro na calçada. Lá dentro, a ausência da fumaça de tabaco ressaltava o cheiro de gordura da chapa onde eram feitos lanches.
O local escolhido foi o bar Escócia, localizado em frente ao Espaço Unibanco. Os frequentadores eram fregueses costumeiros e os funcionários não pareceram se preocupar com o fato de os clientes saírem com copos de vidro para a calçada.
No Charme, o boteco vizinho, que fica na esquina da Augusta com a rua Antônio Carlos, a liberdade não era a mesma: quem quisesse fumar do lado de fora tinha que comprar a bebida antes e levar para fora somente copos de plástico.
Se foi fácil sair para fumar, difícil mesmo foi decidir quem iria para fora e quem ficaria dentro do bar para segurar a mesa. Estávamos em um grupo de oito amigos. Sete fumavam. Apenas uma pessoa do grupo, fumante, apoiava totalmente a lei -ela lembrava de seu ano morando na França, onde a proibição de fumar em locais fechados já existe há mais de um ano.
Eu era uma das fumantes. Ao sair para acender o cigarro, minha preocupação com o destino dado à bituca foi motivo para levar bronca do dono do bar, um homem de família taiwanesa conhecido pelos clientes como Chu.
Chu reclamou comigo que, após fumar um cigarro do lado de fora do bar, eu apaguei a bituca na sola do sapato e a depositei no cesto de lixo próximo à porta de vidro do lugar, em frente ao balcão. O medo era que a fiscalização chegasse ao lugar e considerasse que a minha bituca era indício suficiente para aplicar multa ao estabelecimento por descumprimento da lei.
- Mas se eu não puder jogar a bituca no lixo, onde eu jogo? - perguntei
- Joga na calçada, ué - respondeu o dono do bar.
.....
Vejam a nova armadilha: Parece politicamente correto e até um ato de saúde pública.
Que nada!
Fora Serra!
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