"O Senado hoje é totalmente manipulado pelo presidente da República. Isso, no regime militar, não assistimos tão forte como se assiste hoje. No regime militar se podia ter presidentes de comissões, como eu fui", afirmou Itamar. Ele citou especificamente a "interferência no problema" da CPI da Petrobrás. "Nem o regime militar me proibiu de ser presidente (de comissões). E o problema nuclear era, para o presidente Ernesto Geisel (1974-1979), tão interessante quanto sempre foi a Petrobrás. No entanto, o governo, àquela época militar, não nos exigiu a relatoria e eu, como senador da oposição, presidi a política nuclear, como presidi a comissão que examinou as eleições diretas."
Durante o governo Geisel foi decretado o fechamento do Congresso, em abril de 1977. "É claro que, naquela época, eles podiam cassar mandatos. O presidente (Lula) ainda não chegou a esse absurdo. Não sei se até 2010 ele vai cassar", afirmou Itamar.
O ex-presidente ressalvou que o Legislativo está permitindo que ocorra o que ele chama de interferência. "O presidente na República está atuando violentamente no Legislativo, particularmente no Senado, e o Legislativo, de um modo geral, está permitindo. O que a gente começa a escutar nas ruas é ruim: `Fecha o parlamento'. Não vão no núcleo central da crise, que é o presidente da República."
Itamar voltou a defender a candidatura a presidente do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), para ele "a única efetivamente colocada das oposições". "Enquanto alguns ciscam para lá e para cá, o governador de Minas está ciscando para a frente." Também disse que, com a eventual candidatura da senadora Marina Silva (sem partido-AC), haverá uma "alteração para melhor" do processo eleitoral, que "vai deixar de ser plebiscitário, como o governo deseja".
Sobre uma eventual candidatura sua, desconversou: "Entrei no PPS porque resolvi não continuar em voo solo. Para atuar politicamente, não eleitoralmente. Estava na arquibancada, vendo o jogo um pouco de longe. Agora passei a sentar no banco de reservas, mas sem chuteiras."
O ex-presidente foi homenageado na Câmara Municipal do Rio, que rememorou o atentado ocorrido no dia 27 de agosto de 1980, quando cartas-bomba enviadas ao gabinete do vereador Antonio Carlos (MDB) e à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) mataram a secretária Lyda Monteiro da Silva.
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