A divulgação das mais de 1.200 páginas do processo, que era solicitada legalmente pela OAB-RS (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul), deve gerar nova polêmica no caso, já que o documento contém informações cujo sigilo é protegido por lei, como dados bancários e fiscais, além do conteúdo de interceptações telefônicas.
Na última sexta-feira (7/8), a juíza Simone Barbisan Fortes, da 3ª Vara da Justiça Federal em Santa Maria, negou pedido para tornar pública a íntegra da ação. No entanto, repassou cópia da ação a OAB, que divulgou no sábado (8/8) um trecho de 40 páginas que não continha nenhum dado protegido. Os advogados de defesa também já tiveram acesso à íntegra dos autos.
Se ficar comprovado que o vazamento partiu de um agente público, por exemplo, ele pode ser processado pelo crime de quebra de sigilo funcional (artigo 10 da Lei 9.296/96 e artigo 154 do Código Penal), como ocorreu com o delegado Protógenes Queiroz, acusado pela quebra de sigilo da operação Satiagraha. No caso de ter sido um advogado, o responsável ainda estaria sujeito a sanções prevista no Estatuto da OAB.
No fim de julho, o ministro da Justiça, Tarso Genro, causou polêmica, ao dizer que o segredo de Justiça praticamente acabou no Brasil, após a edição da Súmula Vinculante 14 do Supremo, que garantiu o acesso dos réus a inquéritos e ações sob sigilo.
As declarações levaram a OAB a interpelar Tarso no STF, por entender que ele insinuou terem sido os advogados do empresário Fernando Sarney os responsáveis pelo vazamento de grampos envolvendo, seu pai, o senador José Sarney (PMDB-AP).
O presidente da OAB-RS, Carlos Lamachia, se reuniria hoje (10/8) com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para pedir que ele recorra da decisão da juíza Simone Fortes. Para Lamanchia, “há um inegável clamor público” para que a ação venha à tona e a não-divulgação das provas fere o princípio da publicidade dos atos processuais. “O Estado não suporta mais conviver com a incerteza já que as provas não vêm a público, determinando uma crise institucional que precisa ser estancada e os fatos esclarecidos”, afirmou o presidente da OAB gaúcha.
Bureau do crime
O trecho divulgado anteriormente mostra que os procuradores da República consideraram que Yeda e os outros oito réus da ação integravam um "verdadeiro bureau do crime" para desviar mais de R$ 40 milhões do Detran entre 2003 e 2007.
No ação, a Procuradoria relata que lobistas e empresas subcontratadas pelo Detran "entregavam parte dos recursos financeiros escoados do erário aos gestores públicos responsáveis pela contratação e outras personalidades políticas com forte domínio e influência na continuidade do esquema fraudulento”, citando especificamente a governadora Yeda Crusius, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas, e o deputado federal José Otávio Germano (PPS-RS).
Além deles, são réus por improbidade os deputados estaduais Frederico Antunes (PP-RS) e Luiz Fernando Záchia (PMDB-RS), Delson Martini, ex-secretário-geral do Governo do Estado, Rubens Bordini, vice-presidente do Banrisul, Walna Vilarins Meneses, assessora da governadora e Carlos Crusius, ex-marido da governadora. A OAB-RS apelou também para que os próprios réus liberem o conteúdo da ação que os envolva.
Yeda nega as acusações e acusa o MPF de criar um “circo político” na divulgação da ação. Em entrevista a um canal de TV, a governadora disse que os procuradores abusaram do direito de propor ações e fizeram pré-julgamento do caso, ao referir-se a ela como ré durante uma entrevista coletiva.
Em resposta, a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) divulgou nota de desagravo aos procuradores Enrico de Freitas, Alexandre Schneider, Adriano Raldi, Fredi Éverton Wagner, Ivan Marx e Jerusa Burmann. No comunicado, a associação nega interesse eleitoral na atuação da Procuradoria.
Última IntânciaPor que os procuradores só procuram para um dos lados?
Por que tantas e tantas "notas de desagravos"?
Por que a falta de escrúpulos do PT gaúcho não é comedido?
Tá tudo dominado?
O bom Prometor G. Thumbs (Contra as escolas do MST) deixou um vácuo de Estado de Direito no RS.
2 comentários:
SE vazou, foi por conta do próprio MPF.
Vide publicado no Políbio Braga:
"Esta publicação atende pedido feito pelo próprio MPF, que pediu a quebra do segredo de justiça, proteção que os próprios réus já dispensaram publicamente."
Íntegra em:
http://polibiobraga.blogspot.com/2009/08/eis-aqui-integra-dos-autos-do-processo.html
Comentei e postei as matérias na comu..
Ninguém leu?
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